Catorze pessoas foram autuadas em flagrante por tentativa de
fraude, no concurso da segurança pública, realizado pelo governo do Maranhão.
Os suspeitos estavam sendo monitorados há mais de um mês e a prisão deles,
segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP), não compromete o
andamento do processo seletivo, realizado no último final de semana,
descartando a anulação das provas.
Antônio Ferreira Lima Sobrinho (professor), Antônio Colares
Lima Filho (soldado da Polícia Militar, do Batalhão de Pindaré) e Nattanniel
Muniz Maciel foram presos em Caxias. Na ocasião, a namorada do policial,
Gilvanice Costa dos Santos, foi detida; mas, por falta de provas, ela foi
liberada.
Em São Luís, foram presos em flagrante Tony Gledson
Soares de Sousa, Jorgivan da Conceição Reis, Jorge Rego de Jesus, Wemerson
Abreu Castro Branco, Nivaldo Bispo Amorim, João Batista Mendes, Leonardo Silva
Sousa, Moisés Costa Silva, Madson Pinto de Oliveira, Ivan Serra Rodrigues e
Helton Nascimento Resplandes Ferreira. Além disso, 16 pessoas foram conduzidas
para prestar esclarecimentos, e em seguida liberadas, mas podem ser indiciadas
no inquérito, caso seja comprovada a participação delas no esquema. A polícia
ainda apreendeu vários celulares e com Antônio, documentos com nome de várias
pessoas.
De acordo com o secretário de Segurança Pública,
Aluísio Mendes, o grupo começou a ser investigado em Pindaré-Mirim quando a
polícia tomou conhecimento da existência de uma quadrilha que pretendia fraudar
o concurso. “Os acusados foram identificados há mais de um mês, os mentores e
beneficiários foram identificados, sendo a quadrilha presa quando tentava
fraudar provas em Caxias e em São Luís”, contou. “Identificamos ainda parentes
de traficantes de conhecidos da polícia, que pretendia ingressar na segurança
pública”, acrescentou, sem revelar os nomes.
Secretário Aluísio Mendes apresenta detalhes da
operação que prendeu os fraudadores
Antônio Ferreira Lima Sobrinho é apontado pela
polícia como o líder do grupo; ele seria a pessoa contratada para fazer a prova
e passar o gabarito por meio de mensagem de texto para vários aparelhos
celulares, orientando os candidatos a digitarem de forma errada seus nomes no
ato da inscrição, simulando erro na digitação, a fim de que os “beneficiários”
ficassem na mesma sala.
De acordo com as investigações, Antônio é servidor
do Ifma de Pindaré e já passou em mais de 16 concursos públicos, entre eles do
Instituto onde trabalha, em 2006; do Banco do Brasil, em 2011; da Caema, em
2006; dos Correios, em 2011; do Banco do Nordeste, em 2011; do Centro de
Formação de Oficiais do Pará, Prefeitura de São José de Ribamar, em 2011;
Ministério da Fazenda, em 2008. Ainda segundo a Secretaria de Segurança, os
“beneficiários” pagariam em média R$ 15 mil para o concurso da Polícia Militar
e Corpo de Bombeiros e R$ 20 mil para a Polícia Civil. O pagamento seria de 50%
antes da prova e mais 50% após a aprovação no processo seletivo.
De acordo com o secretário Aluísio Mendes, Antônio
Ferreira, por desconfiar que seria investigado, fez a prova em nome de Samuel
Fernando de Carvalho. Ele teria contado com a ajuda de um amigo, o policial
militar Antônio Colares Lima Filho, para ser informado se era objeto de
investigação da polícia. Alguns beneficiários participaram do concurso adulterando
seus nomes, acrescentando outras letras: Jorgivan da Conceição Reis usou
Tonjorgivan da Conceição Reis, Jorge Rego de Jesus usou Iajorge Rego, Nivaldo
Bispo com o nome de Cassnivaldo Bispo, Mardson Oliveira usou Imardson Oliveira
e Helton Nascimento o nome de Kelton Nascimento.
Os suspeitos que adulteraram o nome ou usaram
documentos falsos foram autuados em flagrante por falsidade ideológica,
formação de quadrilha e tentativa de fraude em concurso público. Os demais por
formação de quadrilha e tentativa de fraude em concurso público.
Concurso não será anulado – O secretário de
Administração e Previdência, Fábio Gondim, também presente à coletiva,
esclareceu que não houve vazamento das provas. “Todos os envolvidos foram
identificados e presos. A fraude não se consumou e o concurso não será
cancelado”, afirmou.
Francisco Torres, diretor da unidade de projetos da
Fundação Getúlio Vargas (instituição organizadora do concurso), disse que não
houve vazamento do gabarito e as foram provas entregues lacradas nos locais de
aplicação e todo o processo ocorreu conforme estabelecido pelo edital. “Não
houve contaminação no concurso. Estamos agindo em parceria com a SSP e vamos
eliminar candidatos, caso seja comprovada a fraude. O edital deixa bem claro,
quando há fraude o candidato é eliminado”, declarou.
A operação contou com a participação da
Superintendência de Polícia Civil da Capital (SPCC), Superintendência de
Polícia Civil do Interior (SPCI) e da Superintendência Estadual de
Investigações Criminais (Seic).